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Julio César conferindo o Vibrador Literário

Julio César conferindo o Vibrador Literário

Julio César* tem 34 anos, nasceu em São Paulo. Ator pornô ha 10 anos. Estava a procura de um emprego, encontrou um anúncio nos classificados que dizia que estavam precisando de atores com boa aparência e desinibição para atuar em filmes de sexo explícito. Procurou o diretor, fez um teste e passou. Atualmente tem dois empregos, continua com os filmes que concilia com o emprego formal. Julio tem em seu currículo mais de 150 títulos, chegando a gravar em média dois filmes por semana. 

Como foi seu primeiro contato com o mundo dos filmes pornôs?
Meu primeiro contato foi o teste mesmo. Era eu, uma atriz experiente e uma câmera, e o resto era fazer o que já fazia entre quatro paredes, só que com pessoas olhando. 

Como se sentiu na hora?
Me senti bem desde o primeiro momento, estava preparado, achava interessante, tudo era novidade, e na hora foi tudo muito natural mesmo com o nervosismo. 

Você gosta do que faz?
Gosto sim, me dá prazer, literalmente (risos), mantenho outro emprego porque no Brasil, é muito difícil viver só desse ramo, não é como nos EUA que você é o cara, tratado como estrela. Tudo aqui é muito mais preconceituoso, a discriminação é grande, e o salário nem se compara com a de um ator internacional. 

Mas a renda que você recebe não é o suficiente? Tendo assim que manter dois empregos.
Não, o trabalho não é muito bem remunerado, em média tiro 3.000 reais por mês, não é um dinheiro ruim, mas também não da pra ficar rico. E tem os altos e baixos, não é um dinheiro garantido, tem mês que ganho menos, mês que consigo tirar mais. Os filmes gays são os que pagam melhor. 

Você é heterossexual, já transou com outros homens?
Não, é outro tipo de trabalho que recuso. Gosto muito de mulher, isso eu me recuso a fazer. 

Com é o uso da camisinha e os testes de HIV?
Vai depender da produtora, tem as que pedem a cada 15 dias, e outras de mês em mês. Eu amo a minha vida muito mais do que o sexo, não confio somente nos testes, não abro mão do uso da camisinha nunca. Já recusei diversos trabalhos, que as exigências eram que se transasse sem camisinha. 

Já passou por algum tipo de constrangimento na hora das cenas?
Na hora não, só na preparação. Ás vezes conheço uma garota que não é tão legal, novatas geralmente dão trabalho, ficam com frescura, fazem cara feia pra algumas coisas que não querem fazer. Quando se coloca empecilhos antes, a cena não rola legal, eu não consigo mais agir naturalmente, fica tudo mecânico 

Precisou tomar remédio alguma vez para manter a ereção?
Já tomei diversas vezes, e vou te falar, isso é bem comum entre os atores. E nem é porque precisam, na maioria das vezes é porque o remédio acaba fazendo com que seu desempenho melhore. As cenas acabam sendo longas, porque tem que parar, para arrumar maquiagem, verificar a luz, mudar a posição, e nessa hora que o azuzinho vem ajudar. 

Já atuou com alguma famosa?
Famosa do grande público não. Tem a ninja do funk, que fez sucesso como dançarina, mas que eu lembre só ela mesmo. 

Você esta namorando atualmente? Ela sabe da sua profissão?
Sim, já fazem dois anos que namoro, ela não sabia até uns 4 meses atrás, descobriu. Terminou comigo, parei com o trabalho para reatamos.Voltei com os filmes e ela não sabe ainda, e agora estou fazendo também programas para poder melhorar minha renda. Depois que você se acostuma com aquela grana, é difícil ficar sem. Mas pretendo contar pra ela quando surgir á oportunidade. 

Como você administra o tempo entre o seu emprego tradicional, a sua atuação em filmes e os programas que faz?
Jeitinho brasileiro. Mas os filmes estão poucos ultimamente, por isso estou dando conta de fazer todas essas coisas, e ainda manter um relacionamento. 

Sua família sabe do seu trabalho, como eles reagiram ?
Meu pai já é falecido, minha mãe quando eu contei me apoiou disse que eu mesmo que pagava minhas contas, e que ninguém tem a ver com a minha vida, a aprovação dela foi fundamental para eu prosseguir nesse ramo. 

* o nome do entrevistado foi mudado, para manter sua identidade em total sigilo.

É início de uma noite de quinta-feira na cidade de São Paulo, já fui à bilheteria do cine Bombril, que fica no prédio do Conjunto Nacional, olho para o relógio e noto que ainda faltam 20 minutos para o filme começar, a Priscilla ainda não chegou.

Durante o momento de espera fico olhando o cartaz do filme e a frase que o estampa, “Ela fez história com aquilo que o brasileiro mais gosta”, fico intrigado com a frase, não consigo imaginar frase que melhor resuma a personalidade apresentada no filme.

Faço um exercício rápido sobre a frase em minha cabeça, divago sobre as paixões do povo brasileiro, rapidamente me vêm duas coisas na cabeça, futebol e bunda, na seqüência natural dos fatos já me ocorre um paralelo incrível para estes dois “amores” nacionais, Rita Cadillac está para a bunda assim como Pelé está para o futebol.

Priscilla aparece no momento exato que estou sorrindo pelo canto da boca, por causa da minha constatação boba, ela me cumprimenta e seguimos para a bilheteria, lá temos a confirmação de que aquela sessão de pré estreia estará semi vazia, até o momento foram vendidos seis lugares além dos nossos.

Hoje não tem pipoca. O filme não pede isso, imagino que deveriam servir algo afrodisíaco para este tipo de filme, mesmo estes não sendo um dos filmes adulto de Rita Cadillac, mas mesmo assim espero algo sensual vindo dela. Após ignorar traillers de óperas no cinema e avisos de desligue o celular, o símbolo da Ancine irrompe a tela agora.

Primeira cena. Acomodo-me na cadeira, esperando uma bunda gigantesca na tela de cinema, mas sou recebido por uma dona de casa comum, dessas que chamam de Amélia, fazendo almoço para para sua família, feliz, seu nome é Rita de Cássia Coutinho.

Rita de Cássia Coutinho é o alter ego de Rita Cadillac, esta, no passar do filme é quem mais da às caras, fala sobre sua infância, namoradinhos, casamentos e filho, com uma atenção especial a sua avó que a criou. Rita de Cássia, mulher já com seus 50 anos me ganha fácil com sua história, mas em seguida entendo que isso nada mais é que um prelúdio para explicar melhor a construção de um mito moderno, sua histórias vibrantes, a presença constante na mídia e no imaginário masculino contrastam com uma vida fora das câmeras que muitas vezes não inclui glamour.

O filme envereda pelos caminhos que eu tanto esperava, por isso me acomodo melhor na cadeira, Rita chacrete é a primeira visitada. Agradecimento a ela, depoimento e histórias sobre como foi parar no programa do “mestre da comunicação”, neste momento ela se porta como um princesa falando por exemplo de seu diferencial e de como teve a ideia do seu sensual “roda-roda” com o dedo indicador devagar e insinuante.

Como em gibis, Rita de Cássia e Rita Cadillac trocam de lugar a todo momento, Rita (a de Cássia) em dilemas digno de “Afrodite tupiniquim” que é diz que “não conseguia ser Cadillac todo o tempo”. A personagem é vista por si mesmo com um olhar carinhoso neste momento e vista por outros de diversas maneiras, mas nunca de forma degradante.

Sou sugado para o universo erótico dessa mulher, ele me conduz por suas mirabolantes histórias no garimpo de Serra Pelada, se mostrando forte e sensual mesmo no meio de milhares de homens sedentos por um pedaço de sua carne.

Relembro sua atuação junto a presos do Carandiru, quando ela se revela rainha dos detentos, percebemos que somente uma mulher assim consegue fazer sentimentos que se antagonizam, excitação e respeito andam lado a lado quando Rita se apresenta.

Quando acaba a era da sensualidade velada, o que resta é o sexo explícito, mesmo contra a aprovação de muitos, ela me conta (neste momento já me sinto intimo e sozinho com ela) como foi a experiência de fazer um filme pornô na idade que tem, conta como se sentiu exposta naquele momento que antes só nos era permitido imaginar.

O mito da líbido, a amazona da sensualidade, a cada passo o filme se faz presente diante de mim, fico surpreso, mas entendo por que dizem que Rita é “uma bunda que pensa”, e acrescento mentalmente mais, “é uma bunda com muita história”.

Quando acaba, o filme deixa a sensação de que não é bom só para o moral, mas é bom para todos que querem entender, porque tantas “gostosas” passam, mas Rita Cadillac fica. Enquanto acendo um cigarro fora do cinema, penso em um novo propósito, penso, preciso dar um beijo na bunda de Rita Cadillac.

aproveitando o ufanismo e patriotismo de ocasião dos brasileiros, em época de Copa do Mundo, montamos uma festa mais brasuca!
dia 29.05. a festa? vai ser assim:

– música brasileira;
– na TV da pista, um filme com os melhores momentos da pornochanchada;
– sorteio de um livro de contos eróticos.


As obras de arte em geral possuem diferentes formatos de acordo com a época em que foram produzidas, com o gênero do sexo não é diferente.

Luquinhas e Jucilei são vizinhos e bons amigos, três histórias em diferentes épocas mostrarão como o mercado de publicações de cunho sexual evoluiu e se adaptou de acordo com a tecnologia disponível.

Os garotos Luquinhas e Jucilei estão sozinhos na casa de Jucilei.

– Luuuquinhaaas! Correi aqui, corre aqui! Olha o que eu achei debaixo do colchão do meu pai.

– Tô indo! Grita Luquinhas enquanto sai apressado em direção ao quarto.

Ao entrar, Jucilei está fazendo força para levantar o colchão de casal de seus pais como se estivesse prestes a abrir um baú de tesouros.

– Vem cá, isso aqui é pesado. Diz Jucilei ofegante.

Com rapidez Lucas se junta ao seu amigo, quando conseguem finalmente separar o colchão do estrado da cama, eles percebem que de fato era um tesouro.

– Caraca! Olha quanta revista de sacanagem o seu pai guarda.

– Ele não vai dar falta se pegarmos algumas, eu acho.

Obras eróticas/pornográficas/sensuais sempre acompanharam a evolução tecnológica voltada à área da comunicação.

Os primeiros materiais de sacanagem –como diria o Luquinhas- a passar pelas mãos peludas dos marmanjos eram impressos como cartas de baralho, cartões postais ou pôsteres.

O advento da impressão e reprodução de imagens permitiu a indústria produzir impressos com enredos/desenhos pornográficos.

Segundo a antropóloga Alessandra El Far há mais ou menos 140 anos atrás esse tipo de material já estava presente no Brasil, principalmente no Rio de Janeiro e era bastante consumido, o que acabou incentivando autores nacionais a ingressarem nesse promissor mercado.

Em agosto de 1975 vai às bancas pela editora Abril a revista “Homem” que em Julho de 1978 viria a se chamar “Playboy”.

Foi inaugurado um novo gênero para ocupar as prateleiras altas das bancas, o mercado se torna bastante variado, desde publicações mais softs mescladas com reportagens voltadas para o público masculino até revistas de sexo explicito com direito a sessão para os leitores mandarem suas próprias fotos amadoras.

O problema de toda essa parafernália de papel era manter as revistas em segredo, ou as páginas coladas que se tornavam inutilizáveis.

Continua…

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Este é o podcast do Vibrador Literário. Nesta primeira edição tivemos um papo excitante e engraçado (pelo menos fazer foi) sobre a #putafaltadesacanagem que é o Cine Band Prive.

Max Santiago, Vitão, Priscilla Santos e Igor Carvalho falam sobre suas experiências e dúvidas sobre Emanuelle, soft porn e como a Priscilla pode salvar o mundo rimando.

Escute, comente e mande emails.

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rua Turiassu, 483. Clube Praga. 23h30. dia 30.04. Vibrantes e Sonoros. puta que pariu que nome horroroso.  quero falar com o viado que inventou isso.

– aí motorista, falta muito pra chegar?
– não!
– posso fumar aqui atrás?
– não!

pra quem está me lendo e não está entendo nada, explico: 

trabalho em uma revista que visita lugares e festas escondidas em São Paulo, ontem um tal de Max Santiago ligou na redação divulgando uma festa. 

“alô, meu nome é Max Santiago, estou querendo divulgar a festa do meu blog, queria que vocês fossem lá cobrir e que publicassem na revista”

cara chato da porra. quem liga na redação as sete e meia da manhã com uma puta voz de alegre? óbvio que o Oliveira, meu editor chefe, não perdeu a oportunidade. 

“olha, o filho da puta do repórter que deveria estar aqui só vai chegar umas onze da manhã e um pouco bêbado ainda, liga meio dia rapaz. ou melhor, deixa seu telefone, vou pedir pra ele te ligar” 

o Oliveira é um parasita. uma bactéria enfiada em um corpo gelado e gordo. o corpo é a redação de sua 16º revista em 12 anos, uma salinha com um ventilador, duas mesas, uma cadeira e dois computadores, o mais novo tem sete anos, além de um emaranhado de revistas, HQ’s, jornais e livros. independente da estação do ano ele está sempre na mesma poltrona, que já tem 12 anos, suando, comendo cajuzinhos e tomando doses de café com chá.

 precisamos de uma matéria pra fechar a revista e o Oliveira está me enchendo o saco, sou o único repórter fixo dele, o resto são estudantes que trabalham de graça só para que seu nome apareça na revista, eu trabalho quase de graça e não queria aparecer na revista. lembrei de ligar para o tal Max por volta de meia noite. tarde? foda-se, ele me ligou sete e meia da manhã.

– alô. (quem atendeu foi uma mulher com voz de entediada).
– Max Santiago, por favor.
– MAX, TELEFONE PARA VOCÊ! (ela gritou sem tirar o telefone de perto da boca)
– TO CAGANDO. PEDE PRA LIGAR AMANHÃ.
– oi. olha ele pediu para que você ligue amanhã.
– fala para o cagão que se ele não me atender não vou na festa dele e a revista vai publicar outra no lugar.
– MAX, ELE DISSE QUE SE NÃO ATENDER ELE NÃO VAI COBRIR A FESTA PARA A REVISTA NA SEXTA.
– PORRA MEU, TO CAGANDO, FALA PRA ELE LIGAR PARA O IGOR.

tenho que fazer uma escolha entre ser calmo ou ser feliz.

– alô. (quem atendeu foi uma mulher com voz de quem acabou de acordar)
– boa noite. por favor o Igor.
– IGOR!!!!!! TELEFONE. (por que elas sempre gritam sem tirar o telefone de perto da boca?)
– TO LAVANDO O PAU. PEDE PRA LIGAR AMANHÃ.
– anjo, terminamos de transar agora e ele tá no banheiro se lavando. liga amanhã.
– avisa pra ele que se não me atender vou buscar outra pauta para essa sexta-feira. o Vibrantes e Sonoros, seja lá o que for isso não vai sair na revista.
– ANJO, ELE DISSE QUE SE NÃO ATENDER ELE VAI BUSCAR OUTRA PAUTA PRA SEXTA.
– MANDA ELE LIGAR PRO ACÁCIO, TO LAVANDO O PAU.
– anjo, ele pediu…
– CARALHO, É UM PINTO OU UM CARRO QUE ELE TÁ LAVANDO?

acho que vou ser feliz e mandar esses moleques pra puta que pariu.

– alô. (uma voz de homem ocupado)
– é o seguinte, quero falar com o tal de Acácio e é agora, não me importa que tipo de sujeito escroto ele é.
– cara, sou eu, nem sei quem você é, mas não posso falar com você agora. há um ano estou tentando zerar Zelda e agora estou terminando a fase mais foda, o templo das águas, estou quase chegando no Ganondorf. valeu.

filho da puta. desligou. que tipo de nerd fissurado em vídeo game escreve em um blog de sexo?

– alô. (a mesma voz feminina, ainda entediada)
– o Max já cagou?

tirei o fone do ouvido.

– MAX, VOCÊ JÁ TERMINOU DE CAGAR? TELEFONE DE NOVO.(é claro que ela gritou com o fone na boca)
– CARALHO MEU, VOCÊ SABE QUE EU DEMORO. PEDE PRA ELE LIGAR PARA O VITÃO.

acho que está na hora de eu largar esse trabalho.

– ALÔ. (uma voz de homem gritando e afobado)
“VERGONHA, TIME SEM VERGONHA”
– é, eu quero falar com o Vitor.
– HÃ? O QUE VOCÊ DISSE?
– EU QUERO FALAR COM O VITOR. QUE GRITARIA É ESSA?
– ESTAMOS SAINDO DO JOGO DO PALMEIRAS, NOSSO TIME  PERDEU DE NOVO, O VITÃO ESTÁ BRIGANDO COM UNS DOZE POLICIAIS.
– então vai tomar no cu.
– OI?
– VAI TOMAR NO CU!
– AH! OBRIGADO!

me deu uma vontade maluca de mandar o Oliveira, o Max, o Igor, o Acácio e o Vitão tomarem no cu, mas gostei dessa melodia, quero dançar até o fim.

– alô. (uma voz feminina com sono, ainda)
– o Igor terminou de lavar o pau?

ela vai gritar!

– MONIQUE! O IGOR JÁ TERMINOU DE SE LAVAR?
– NÃO!
– ele tá se lavando moço.
– ainda?
-não, de novo! é sobre a festa?
– é sim. você vai estar lá?
– não é da sua conta. já falou com a Priscilla?

uma mulher. qual será o problema dela?

– alô. (uma mulher)
– Priscilla?
– sim.
– preciso de umas informações sobre a festa Vibrantes e Sonoros de sexta. pode me ajudar?
– já ligou para o Max?
– tá cagando.
– Igorzito?
– lavando o pau.
– Acácio?
– tá achando que agora a vida vale a pena.
– Vitor?
– tá brigando com a Tropa de Choque inteira.

cheguei.
entrada bem escura, uma escadinha pra derrubar bêbado na saída e na frente da porta o brutamontes que vai chutar meu traseiro daqui umas cinco horas. cheguei no Clube Praga, quase pontual, são 23h58.

– você que veio pela revista?
– sim. cadê o bar?
– no fundo desse primeiro ambiente. seja bem vindo ao Praga.

 o lugar é amplo. uns sofás velhos demais para serem enfeites e um punhado de gente encostadas nas paredes. no romper do primeiro ambiente fica o bar.
só cerveja de bacana, mas o preço não assusta, porém,  se preferir evitar a aparente evolução social, como eu, peça uma Skol. é mais barata e você ganha outra de graça.
por enquanto só um som bacana e poucas pessoas, duas meninas góticas, um gordinha gostosa, um casal que parece que ia para o Café de La Musique e parou aqui por acaso. tem um chinês sentado no canto do sofá, sozinho e mal intencionado, olhando fixamente para a cruzada de pernas de uma das góticas.

estão chegando os convidados, já são 00h38, o primeiro filho da puta do grupo chegou agora, preciso saber porque “Vibrantes e Sonoros” e vou embora, depois invento mais duas laudas de bobagem e está tudo pronto.

– Igor. sou da revista. vim aqui fazer uma matéria sob…
– rapaz, me dê 10 minutos, vou só receber umas meninas que estão chegando e já falo com você.

antes de partir.

– você que ligou ontem a noite duas vezes? 

no fundo da casa tem uma área aberta. algumas pessoas estão fumando.

– boa noite linda. tem um cigarro?

a gordinha gostosa fuma, puxei papo. ela teve que sair, foi atender o namorado no celular. a casa está ficando bem cheia, tenho que procurar uma bebida e um dos integrantes do blog, nessa ordem.  

pessoas estão aglomeradas no bar, as pessoas sempre estão aglomeradas no bar. uma bunda enorme se balança no ritmo da música, ela é indiscutivelmente o que vi de melhor nessa noite, cabelos pretos, nariz comprido, mas você nem repara nele quando se lembra de todo o resto, vestido justo que deixa as costas de fora, poderia dizer que seus tornozelos são perfeitos, se eu quisesse poderia me masturbar ali, de frente para a bunda dela, enquanto ela estava debruçada na bancada do bar. as garotas estão tomando doses de tequilas, as mulheres não enxergam as circunstâncias da vida sem rituais. o único homem bebendo a tequila é o chinesinho.

– você que é o cara da revista?

a pergunta foi precedida por um tapa nas costas de um ruivo. se ele visse o tamanho da cicatriz que deixei no pescoço do último idiota que me deu um tapa nas costas teria recuado.

– sou sim. você é o…
– Vitão!
– ah, o macho alfa do grupo. apanhou muito?
– de quem?
– da polícia.
– é, um pouco. mas aqui é Brasilândia rapaz, o bicho pega, a quebra…

– legal, preciso perguntar uma coisa sobre o blog. por que o nome da festa é Vibran…
– você já foi na Brasilândia?
– nunca.
– lá na quebrada irmão, se você interrompe alguém é motivo forte pra ficar enfiado o resto da vida em uma cadeira de rodas.

o filho da puta acha que é o quê? eu poderia arrebentar a cara dele aqui.

– o dia que eu for…

alguns minutos depois…

– tudo bem? tá doendo?

é a gostosa da bunda e dos tornozelos perfeitos. to pronto pra te comer delícia, isso me faz sair rapidinho do coma. aquele filho da puta foi mais rápido, me acertou um murro.

quando acordei pra valer já eram 02h43. o Clube Praga já está cheio. do meu lado um casal se aperta um contra o outro, ela está curando sua carência e ele tá sonhando que vai acabar a noite com uma boa trepada.

levantei e caminhei até o bar. ninguém nem me nota, cada um tem seus problemas pra cuidar, quem se importa com o problema do outro? culpa do individualismo, essa porra produzida pelo capitalismo para nos lembrar que precisamos ser vencedores, precisamos ser melhores que os outros.

fui tomar um ar na área aberta da casa, nos fundos, levei comigo uma companhia.  a cerveja.

– pode me dar um cigarro amigão?
– claro!

a vozinha fina dele me irritou.

– qual seu nome? (com a mesma vozinha)
– não é da sua conta.
– ui, mas que mal educado. não esqueça esse cigarro na sua boca é meu.
– vai querer que eu coma seu cu por causa de um cigarro?
– o meu é Jucilei. prazer.

o tal do Max começou a discotecar, vou falar com esse filho da puta. cheguei na pista de dança, muita gente se aglomera, está calor.

– CARALHO! MARVIN GAYE! DANÇA COMIGO.

uma ruiva deliciosa de peitos enormes quer dançar Marvin Gaye comigo? não danço. joguei o corpo no sofá e deixei-a dançando. ela remexeu aquele corpo, jogando os peitos na minha cara durante toda a música. me cansei dela e comecei a observar que enquanto tocava a música o inferno parecia ter um endereço certo, era ali. casais se beijavam, mulheres rebolavam, homens se contorciam de excitação.

– ei, sabe onde posso encontrar o Max?
– ESTÁ NO BANHEIRO CARA! (eu gritei com ela?)

duas batidinhas na porta.

– MAX!
– TO CAGANDO! NÃO FODE!
– SÓ PRECISO SABER UMA COISA.
– DEPOIS… TO CAGANDO VELHO, RESPEITA! FALA COM O IGOR. ELE TÁ NO FUMÓDROMO. 

quando sai para o fumódromo, a área aberta em que todos fumam, Igor estava aos beijos com uma garota! o beijo era perene, achei melhor ir embora.

– MAX!
– O QUE É CARALHO?
– O IGOR ESTÁ COM UMA MULHER, NÃO DA PRA FALAR.
– O IGOR SEMPRE ESTÁ COM UMA MULHER. INTERROMPE OU FALA COM O ACÁCIO. ELE ESTÁ NA PISTA.

entrei na pista, está tocando Los Hermanos, todo mundo pulando. apesar do ambiente escuro consegui ver Acácio e mais uma menina se beijando. vai ser difícil!

– MAX!
– Ô FILHO DA PUTA! EU TO CAGANDO. É SEMPRE UM MOMENTO ESPECIAL PRA MIM, POR QUE NÃO VAI TOMAR NO CU E SAI DA FRENTE DO BANHEIRO?
– O ACÁCIO TÁ BEIJANDO TAMBÉM… COMO VOU FAZER?

Max sai do banheiro!

– como assim? isso nunca aconteceu antes!

Max entrou correndo e depois de constatar a cena voltou a tocar. só me sobrou a Priscilla. acho que ela não foi muito com a minha cara. não a vi essa noite ainda.

passei no bar, um dose de vodka! sempre ajuda a manter-se ativo. encontro Priscilla largada entre três homens no meio do sofá.

– Priscilla, eu sou o repórter que veio cobrir a festa para a revista.
– tudo bem?

ela levantou e deixou a mostra um decote generoso, ela tem peitos fantásticos.

– sim. tudo bem sim.
– e então…
– posso fazer uma pergunta para você? só quero saber por que a festa se chama Vibrantes e Sonoros.

– deixa só eu resolver algo aqui, já te chamo e explico.

poderia passar a noite sem falar nada, apenas observando o vão daquele decote.

– oi… tudo bem?

o comprimento foi precedido de um tapa. dessa vez não. virei e joguei todas as forças que ainda tinha para meu braço e meu braço contra o rosto dele. era o chinesinho.
fiquei com dó do chinês. ajudei-o e pedi uma bebida, ele disse que só tomava água.
ficamos conversando e ele disse que tinha algo para mim, que eu ia gostar muito, em seguida me ofereceu um vidro, no rótulo li: “ADRENOCROMO”.

fomos para o banheiros, ele me disse que chama Chin e gostava muito de festas. um babaca de camisa da Lacoste e tênis Nike. ele umedeceu um lenço e levou até a boca. eu preferi encharcar. 

dez minutos depois e eu estava completamente travado no sofá. não conseguia mover um único músculo do corpo. Priscilla sentou-se ao meu lado e começou a explicar. uma mosca na ponta do nariz me incomodava profundamente, em vão eu tentava erguer a mão para afastá-la, o efeito do alucinógeno era intenso. tentando fugir da mosca meus olhos foram parar no decote de Priscilla, conforme ela movia os braços seus peitos se moviam… moviam… moviam… moviam… moviam… moviam… to de pau duro. um padre entrou na casa, olha que festa legal, acho que é a primeira sacanagem que a igreja aprova. um cavalo verde sai de trás do balcão e anda pelo salão de entrada, que curioso, as paredes que eram vermelhas e pretas agora estão amarelas, peitos da Priscilla. uns caras estão falando de futebol “cara, nós fomos campeões no ano em que…”, engraçado como incorporamos os times e seleções e trazemos as conquistas para nós, mas o menino mendigo na esquina não é uma conquista nossa, aliás o que o engraxate está fazendo em cima do sofá com um ornitorrinco nos braços? peitos da Priscilla. todos fazem caretas agora, to suando, os músculos enrijecidos parecem estar amolecendo, peitos da Priscilla. gozei.

– … aí ficou esse nome. eu nem concordei muito, mas o Max achou que o conceito era legal.

corri para o banheiro. precisava me lavar, meti a mão na porta e abri. o Chin estava pelado e não era minha imaginação, na sua frente com as tetas de fora estava a morena da bunda e do tornozelo perfeitos.

ATENÇÃO 

para ver todas as fotos da festa acesse: http://www.flickr.com/photos/48760018@N07/show/

Junior é José Carlos Garcia Junior. descendente de espanhóis, nascido em 26 de junho de 1964 na cidade de Tanabi, no interior de São Paulo, e torcedor da Portuguesa. filho de José Carlos Garcia e de dona Diódio. mora em São Paulo desde os 5 anos. foi na infância que Junior passou a conviver com uma realidade tão antiga quanto o sexo, a violência. 

em uma noite do ano de 1979 seu pai chegou em casa depois do trabalho cambaleando e alcoolizado, encontrou o filho, Junior, dormindo em seu quarto, acordou-o com socos na cara, foram alguns seguidos, alternados entre os olhos e o nariz, quando o garoto tentou levantar foi impedido por pesadas no pescoço. 

alguns meses depois, quando chegava a sua casa se surpreendeu com o pai, ele portava um pedaço de cabo de aço na mão, Junior foi golpeado várias vezes nas costas. ao entrar em casa, sua mãe veio lhe acudir e lhe deu um banho de salmoura. com o mesmo rigor de quem sofre e não chora, o sr. José Carlos Garcia resolveu punir ambos pela acudida materna, lhe era doloroso ver sua autoridade questionada, surrou aos dois e os colocou para fora de sua residência. dormiram no banheiro externo da casa durante toda a noite. 

nem mesmo os apelos de Dona Diódio arrefeceram o ódio que Junior sentia de seu pai. a independência se tornou uma obsessão. por vezes ficava acordado a noite inteira com dores, havia sido espancado novamente e tinha forças apenas para se arrastar na cama e sonhar, sonhar com o momento em que partiria sem precisar voltar. 

rua Teodoro Sampaio, 1441, ali funcionava a A.B. Brandão Publicações, a primeira empresa a empregar Junior, com 15 anos na época. agora era office boy em São Paulo. 

quando completou 18 anos estava concluindo o curso de Técnico em Manutenção no SENAI (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) e com a chegada da maior idade tomou uma decisão, se casou pela primeira vez. não ficou claro até hoje, nem mesmo para Junior se ele casou para sair de casa ou se saiu de casa para casar. deixara o pai, as surras, as privações e os medos para trás, agora Junior era Carlos Garcia. 

o nome dela era Rita. o casal compreendeu desde cedo que nunca haviam sido ensinados sobre a vida, teriam que descobrir sozinhos seus limites, Carlos Garcia tinha o mundo livre e se oferecendo para ser explorado, mas as obrigações matrimoniais lhe pesavam. não durou mais que dois anos. 

o tempo correu. Carlos Garcia se descobriu um intolerante com o mundo, suas relações seguiam limitadas, pareciam ter um selo com prazo de validade atestado pela monotonia dos gestos repetitivos e das circunstâncias formais do dia a dia. seu corpo já se acostumara a deslizar por camas desconhecidas, a sentir corpos diversos e experimentar toques de diferentes temperaturas e intensidades. 

– se não for atrapalhar, eu quero passar essa noite sentada ao seu lado. posso? 

a voz quente e aveludada, temperada por doses de uísque e com pausas saborosas era de Cláudia, uma voz desconhecida, porém aguardada e desejada por Carlos Garcia. há horas ele caminhava pelo vasto espaço de uma casa noturna no centro de São Paulo, sempre seguindo os passos de Cláudia, se esbarravam, seus olhos se desejavam e por vezes suas mãos se encontravam em um jogo amador entre caça e caçador, onde nenhum dos dois tinha a malícia de ocultar seus desejos. agora era real, ela estava ao seu lado. 

depois de conversarem por quase o mesmo tempo que se desejaram, Garcia e Cláudia resolveram sair, a porta do bar os separava de uma forte chuva que molhava a madrugada paulista. Garcia parou um táxi e abriu a porta para que Cláudia entrasse, se acomodando ao seu lado em seguida. a noite acabou na porta da casa dela, Garcia foi embora apenas com a imaginação da nudez de Cláudia, da sua cintura, do desenho de sua bunda, da mordida em seu lábio. Cláudia estava saindo de um relacionamento, Garcia estava em crise com sua quinta mulher, Sueli. depois de Rita, o Tanambinense havia se casado com Sônia, Graça, Francis e agora Sueli. 

alguns anos antes de seu encontro com Cláudia, Garcia havia pedido demissão do escritório de Informações Cadastrais do qual era gerente. 

– Sérgião, estou indo embora dessa porra, não sei se volto. 

Sérgião era o dono da empresa. semanas antes Garcia pediu um adiantamento de salário para um de seus subordinados, um rapaz pobre e que precisava do dinheiro para pagar adiantado um aluguel de sua nova casa, caso contrário não conseguiria se mudar, não tinha fiador. Anderson, homem de confiança de Sérgião, lhe garantiu que o adiantamento era possível, que até o fim da semana o dinheiro estaria na mesa de Garcia. 

na quinta-feira: 

– fala Anderson. e o dinheiro do rapaz? 
– é para hoje? não fode Garcia, por que tu não avisou que era pra hoje, separei para amanhã.
– é para amanhã, se já está garantido tudo bem, amanhã pego contigo.
– sem problema, é passar no caixa e recolher.

na sexta-feira: 

– Anderson.tu tem que me dar o dinheiro do rapaz.
– é para hoje? não fode Garcia, por que tu não me lembrou?
– eu lembrei ontem seu filho da puta.
– é o seguinte, o Sérgião não vai liberar.
– como que você me fode desse jeito com o meu pessoal? o rapaz é casado, o que ele vai dizer para esposa quando chegar em casa? 

Garcia estava desempregado. o convite de um primo o levou para a Rua Augusta. sabedor da boa lábia de Garcia o primo tratou de levá-lo para trabalhar de “laçador” em uma casa noturna, sem saber de muitos detalhes o filho de Dona Diódio seguiu para o ofício para o qual se tornaria uma referência. 

tudo era novidade para Garcia, as mulheres semi nuas se oferecendo aos homens, esses experimentando seus limites ou sentindo a ausência deles quando estão fora dos olhos da sociedade, a noite, a escuridão, as luzes, as sombras, os vícios, gente, tudo poderia ser parte de um roteiro de cinema, mas era a sua vida agora. o nome do puteiro era Chalé Augusta, hoje conhecido como Coco Bongo. 

– hey, good evening my friend!
– Cartola. motherfucker. how much money I’m gonna  lose with you today?
– I just want you to be happy, man. 

 “que filho da puta. por isso que só me fodo lá em baixo, não aparece um gringo no Chalé, preciso aprender inglês”. isso era o que começava a imaginar Garcia. o filho da puta em questão era Cartola, apelido herdado do acessório que lhe cobria a cabeça nas noites. Cartola é um dos personagens da Augusta, trabalhou durante anos como laçador dos puteiros. laçador é o responsável por chamar a clientela na frente dos prostíbulos, deve atrair os homens anunciando as atrações da casa e sempre com um discurso otimista e repetido coloca à sua forma expressões como: “as meninas são lindas”, “a casa está quente hoje”, “não quer uma boa companhia jovem?”, “cavalheiro, aceita uma bebida com uma linda garota?” e assim segue. 

Cartola é considerado um dos melhores que já passaram pela Augusta, senão o maior de todos, sempre ganhou fartas gorjetas e abundante prestígio entre os clientes por ser o único que falava inglês e conseguia atrair uma parcela dos clientes gringos a casa. pelo mesmo trabalho, Cartola hoje recebe em dólar trabalhando em prostíbulos americanos. 

o turismo comercial de São Paulo, cidade de grandes números e riquezas expressivas, cresce ano a ano. muitos desses homens que chegam na capital paulista querem se divertir enquanto não estão enfiados em seu personagens engravatados, comprados a preços elevados em sofisticadas cadeiras almofadadas de grandes universidades européias e americanas, o sexo é um dos alvos preferidos. 

a rua Augusta é uma das travessas mais profícuas da Paulista, da Oscar Freire ao Baixo Augusta de tudo se vê, de tudo se compra e de tudo se fala. enquanto tenta se adaptar a essa nova realidade Garcia conhece Neno, outro personagem da rua mais diversa de São Paulo, ele é laçador também, mas fala japonês. os japoneses representam aproximadamente 30% dos clientes. 

– Neno, como eu falo “boa noite” em japonês?
– Konba wa.
– e “amigo”?
– Tomodachi.
– e “vamos”?
– Garcia, quer que eu vá lá trabalhar pra ti também?
– fala logo. vai guardar pra quê?
– Garcia, por que você está nessa agora?
– bicho, no mundo hoje cara quem tá correndo tá andando, quem tá andando tá parado, quem tá parado amiguinho…  tá fudido!
– tá Garcia, é Iku Zo.  

“Konba wa, Iku zo Tomodachi. deve estar uma bosta, mas já da pra começar”. tomado pela necessidade Garcia passa a dizer a todo oriental que passe em frente ao Chalé Augusta: “Konba wa, Iku zo Tomodachi”. passa por alguns constrangimentos, escuta muita risada, mas a cada palavra dita pelos japoneses ele tira a caderneta do bolso, anota e vai procurar o significado. o mesmo processo é feito com o inglês. em cinco anos Garcia já se comunicava em inglês e japonês com os clientes gringos. 

 
Salvador Dali - O grande masturbador

Salvador Dali - O grande masturbador

Cláudia está tomando banho. seu corpo lustrado pelo sabonete fica ainda mais atraente, Garcia, também nu, tenta disfarçar a excitação enquanto fuma um cigarro sentado na latrina, observa-a imaginando de que forma vai possuí-la assim que se levantar. Cláudia nota sua excitação e começa a dançar enquanto se banha, se ensaboa inteira tentando obstruir algumas partes do corpo com a espuma, Garcia apenas brinca formando figuras com a fumaça do cigarro. não satisfeita, Cláudia carrega seu corpo esguio de pele negra para perto de Garcia, senta-se em sua frente, no chão, espalha a espuma pelo corpo e cuidadosamente abre as pernas e começa a se masturbar olhando para ele. com absoluta frieza e tranquilidade Garcia assiste a tudo sem se mover, quando ela está quase chegando ao orgasmo ele a interrompe, puxa-a pelos cabelos e a coloca de costas, deitada de bruços e com as pernas abertas, por trás lhe penetra e arranca gritos da menina. 

depois que saiu do Chalé Augusta ele resolveu montar seu próprio puteiro, acabara de conhecer Cláudia, depois da noite em que a levou de táxi para casa resolve perguntar sobre ela, descobre que se tratava de uma prostituta. resolveu contratá-la para trabalhar em sua casa. quando ela se separa do marido Garcia lhe ajuda, o apoio se estendeu para além do ombro que ele poderia oferecer como amigo. Garcia havia se separado de Sueli também. morou com Cláudia por seis meses, administrou sua vida, suas posses e seus clientes. depois desse tempo Cláudia partiu para a Bahia e ele fechou o puteiro. 

Garcia

Garcia

Maison é outra das casas de entretenimento masculino da rua Augusta, fica no número 658 e foi o destino de Carlos Garcia. não sem antes casar e descasar com Paulinha, outra relação de menos de três anos. após idas e vindas assume Sueli, sua quinta esposa, agora sétima também. foi no Maison que adotou a gravata colorida que representa “a flora brasileira”, são duas gravatas chinesas, modelos únicos comprados de um contrabandista, valiam R$ 60 cada, Garcia com lábia e chantagem emocional com o amigo comprou-as por R$ 50 as duas. desde então essa é sua marca, ninguém passa em frente ao Maison incólume, o olhar sempre é sugado pela gravata tropicalista do laçador. 

Garcia é pai de um menino de 7 anos, Juan, e de uma menina de 16 anos, Jade, ambos filhos das uniões com Sueli. assumiu no ano passado a paternidade de Taís Cristina, filha de Garcia com Cláudia, anos depois ela lhe confessou que partiu para a Bahia já grávida. 

a vida no Maison segue, Garcia continua sendo reconhecido por onde passa na Augusta, seus clientes lhe são fiéis, gostam de gastar algum tempo conversando com ele antes de entrar e se entregar aos prazeres da carne. não obstante, ele continua a “prestar assessoria” às meninas da casa sempre que solicitado, em sua teoria particular a infidelidade é algo não se estende ao sexo, “o sexo é uma grande brincadeira e eu sei separar bem o sexo dos meus relacionamentos”. 

nunca se furta a oferecer conselhos, mesmo que pareçam uma contradição, uma aversão a seu comportamento. certa vez presenciou um casal brigando em um carro, na frente do Maison, aos gritos eles se comunicavam, ela lhe batia e lembrava de suas qualidades usando um dicionário completo de palavrões. quando o rapaz saiu do carro Garcia imediatamente lhe dirigiu a palavra. 

– jovem. sabe qual o segredo para se viver bem em um casamento? nunca deixe que ela saiba sua profissão e quanto você ganha. 

enquanto fala já acende o cigarro do turista gaucho que acaba de chegar a porta do Maison e observa o olhar tarado de um jovem enquanto este flerta com a bunda de uma das meninas da casa que fuma do lado de fora, Garcia nota a timidez do garoto e lança mão de seu discurso. 

– ei cavalheiro, não quer tomar uma bebida com a menina? é R$ 7,00 a entrada e o Sr. ainda ganha uma cerveja. 

Garcia em frente ao Maison

Garcia em frente ao Maison

esse é Garcia, o filho de dona Diódio tem hoje 45 anos e ainda trabalha como laçador no Maison, se orgulha de não ser para os seus filhos o que seu pai foi para ele. talvez seu andar um pouco manco, seu jeito latino e o cigarro sempre ao alcance da mão nos passem a impressão de mais um malandro da noite, mais um personagem da boemia paulistana, mas de perto ninguém é só mais um, basta perguntar. 

igor carvalho! 

Igor e Garcia

Igor e Garcia

Nu de Costas - Modigliane

Nu de Costas - Modigliane

ela estava quase nua, vestia apenas uma calcinha branca, curtia o calor deitada de bruços na cama, com as pernas abertas, os cabelos longos escorriam pelas costas e a cabeça estava apoiada nos braços. a janela aberta revelava a lua límpida e uma cabeça que insistia em peregrinar pelo beiral, tentando encontrar um melhor ângulo para observar dona Verônica.

seu caso de amor com a vizinha já durava três meses, ela não sabia, ou pelo menos Junior achava que não sabia. o garoto, então com 14 anos, se apaixonou por sua imagem desde que a viu mudar-se para a casa ao lado, chegou sozinha e assim estava até hoje, sua mãe lhe dissera que ela era viúva.

desde então seu esporte preferido deixou de ser jogado com os pés, passa o dia a observar os passeios de dona Verônica pela casa, gosta de observá-la enquanto toma banho, mesmo que esteja limitado a ver somente sua cabeça pelo vidro do banheiro, passa o dia torcendo para que o calor seja forte o suficiente e que a viúva opte por dormir de janela aberta. desejo realizado e ele então não hesita em se esgueirar pelo quintal de sua casa até o da vizinha, separados apenas por uma cerca de madeira, calmamente se apoia na janela e arria o calção do pijama. tão certo quanto a chegada de uma nova manhã é que o gozo há de vir.

o que vem deixando Junior apreensivo é a mudança de comportamento de dona Verônica, abruptamente ela mudou seus hábitos, anda mais insinuante e mais ousada. as camisolas, mesmo que curtas, foram substituídas pela nudez quase que total, o andar calmo e calculado pela rua se transformou em um rebolado digno de passista de escola de samba.

nesse dia tudo transcorria da mesma forma, Junior se transformava em vários observando as pernas e a bunda de dona Verônica, com as mãos insistia no gesto profano, o movimento só foi interrompido quando, de dentro do quarto, sem levantar a cabeça ou mover um só músculo do corpo, a viúva falou: “ei, menino, por que não vem fazer isso aqui de perto, a visão é melhor”. dez minutos. esse foi o tempo que Junior ficou paralisado em frente da janela, de calção arriado, com a expressão de europeu passeando no Brasil, tudo lhe parecia muito exótico.

dona Verônica não havia se movido, dez minutos passados e toda a virilidade de Junior já havia se desfeito na palma da mão. uma brisa fria atingiu o garoto, um desconforto que o tirou da estagnação, levantou o calção e pulou a janela.

em pé ao lado da cama de dona Verônica, Junior ampliava o horizonte de seu desejo, não sabia como agir até que a vizinha lhe ajudou e começou a comandar todas as ações no quarto.
“coloque sua mão nas minhas costas e vá descendo, quero que conheça todo meu corpo”, os pulmões lhe pareciam ser imensos e nunca encontrava ar suficiente para preenchê-los, ficou ofegante, com as mãos suadas começou a desvendar os mistérios gelados da nudez de dona Verônica, recuperara a virilidade.

La Douleur - Picasso

La Douleur - Picasso

não conseguia disfarçar o seu envolvimento e a emoção desproporcional que sentia. fitava dona Verônica, observava cada gesto como que querendo eternizar aquele momento, desejava emoldurar a fotografia de sua nudez para sempre na parede de sua memória. inesperadamente ele sentiu um toque gelado em seu membro, olhou para baixo e flagrou aquela voluptuosa mulher lhe fazendo sexo oral. seu lábio carnudo, sua língua suada e o deslizar de seus dedos eram como ladeiras ensaboadas rumo ao prazer, a intensidade dos carinhos foi se alterando, dona Verônica estava cada vez mais febril, a sucção de sua boca e a contração de seus dedos geravam sussurros, gemidos e grunhidos de prazer emitidos pelo garoto.

a viúva voltou para sua posição anterior, de bruços, abria e fechava as pernas e se deixava ser bolinada pelo garoto sem censurá-lo por nenhum gesto, entre as pernas já lhe escorria o líquido sem brilho do prazer. Junior retirou o calção, se colocou deitado em cima de dona Verônica e sem qualquer controle ou mesmo noção de suas ações lutou em vão tentando encontrar uma forma de lhe penetrar. não conseguia. por cansaço, vergonha e desleixo entregou sua virgindade nas coxas da vizinha.

Junior é José Carlos Garcia Junior. descendente de espanhóis, nascido em Tanabi, no interior de São Paulo, e torcedor da Portuguesa. filho de José Carlos Garcia e de Dona Diódio. mora em São Paulo desde os 5 anos. foi na infância que Junior passou a conviver com uma realidade tão antiga quanto o sexo, a violência.

igor carvalho!

se você quer saber quem é José Carlos Garcia Junior e pra onde essa história vai, acesse dia 29/04 e leia a segunda parte…

o Vibrador Literário vai dar mais uma festa. esperamos você por lá!

Vladimir Nabokov

Meio dia. Hora do meu almoço. Arroz, feijão, hambúrguer de soja e salada de alface. Como tudo em quinze minutos e desço para o cafofo. O cafofo é um lugar na empresa onde você pode relaxar, jogar vídeo game, assistir TV e ler. Sim, lá também tem uma biblioteca, onde você pode pegar livros emprestados.

Nesse dia resolvi garimpar as publicações, não queria ler nada do universo organizacional, queria achar algo mais quente, onde tivesse pelo menos umas imagens de mulher de biquíni, ou que falasse de sexo de uma forma diferente. Passei pelos livros do Philip Kotler e suas teorias sobre administração e marketing e fui direto para sessão de romance, pelo menos lá eu sei que rola algo mais propício para esse começo de tarde.

E foi lá, bem no cantinho da prateleira onde me deparei com um livro de nome exitante. “Lolita”! Ahhh Lolilta, muitas vezes me peguei pesquisando esse nome em sites pornôs, procurando aquelas atrizes magricelas, de trancinhas, aparelho nos dentes e com uma cara de boba, e aqui na minha empresa me deparo com um livro com o mesmo nome das minhas musas. Só pelo título já sabia que era o livro que estava procurando.

O livro Lolita foi escrito por Vladimir Vladimirovich Nabokov um escritor russo, nascido no dia 22 de abril de 1899. Isso mesmo, 22 de abril. Ótima data para escrever sobre sua obra mais famosa, sendo assim meu presente para esse escritor polêmico.

Capa do livro

O professor Humbert (personagem central desse livro) desde o começo do livro se intitula como um pervertido, que só consegue sentir atração por ninfetas, mas ninfetas verdadeiras, não essas meninas dos meus filmes que tem quase trinta anos mas parecem não envelhecer. O negócio dele erá meninas dos onze aos dezesseis anos, no máximo.

Mas Humbert se apaixona por uma especial, o nome dela é Dolores Haze, a bela filhinha de sua enteada que possui doze anos, essa é apelidada por Lolita.

Por mim ficaria aqui e escreveria cada detalhe desse romance do Nabokov, mas prefiro deixar no ar essa dica de leitura, para que cada um tenha suas próprias sensações ao lê-lo.

Depois de ler o romance, indico que vejam o filme, é bem fácil de achar, nele poderão ver a atriz que fez o papel da Dolores e ver que não é tão difícil de se apaixonar por essa Lolita. Meninas, o Humbert é um velho bonitão também (ele mesmo diz isso no livro), talvez algumas se encantariam por ele, mesmo aos doze anos.

Cena do filme

Depois desse livro entendi de onde vem a mítica relação do homem com as ninfetas e porque “Lolita” se tornou um termo tão buscado no imaginário masculino. Ah… minhas pesquisas pelo pornotube ou outros sites do gênero perderam um pouco a graça, sim só um pouco, pois nunca encontrei uma Lolita igual a de Nabokov nesses sites.

Dolores, Lolita. Obrigado Nabokov, de coração.